O Xbox já nasceu com forte influência da Sega. O sistema operacional usado no Dreamcast era o Windows CE, o que aproximou as empresas. Quando o console da Microsoft nasceu era inegável o "toque de Sega" no seu controle. O casamento era inevitável, e em 2001 as empresas assinaram um acordo para que a Sega levasse ao Xbox seus principais jogos, melhorando o lineup do console da Microsoft que era até então uma estreante no mercado e não tinha nomes próprios fortes como a concorrência.
Embora com o passar dos anos essa tendência tenha se desfeito, com a Sega passando a lançar seus jogos para todas as plataformas, durante dois anos as viúvas da Sega que apostaram no Xbox tiveram uma grata surpresa e puderam ter o mais próximo de um "Dreamcast 2" que existirá.
Estes não são todos os jogos lançados pela Sega para o Xbox mas são os que mais têm essa característica de fazer dele o "sucessor espiritual" por serem versões fresquinhas de várias séries consagradas da empresa, e que em muitos casos, infelizmente, acabaram sendo a última versão mesmo.
ToeJam & Earl III: Mission to Earth

ToeJam & Earl foi lançado em 1991 para o Mega Drive e mostra seus dois personagens extraterrestres, de um planeta chamado Funkotron, que acidentalmente caem na Terra depois de terem colidido sua nave espacial com um meteorito. Após uma sequência lançada ainda para o Mega Drive que mudou totalmente o estilo de jogo (agora é um jogo de plataforma 2D), a série entrou em um hiato e só viria a ser continuada no Dreamcast. Com a morte prematura do console, o desenvolvimento foi migrado para o console da Microsoft, onde viria a ser lançado em 2002.
Voltando às origens da série, ToeJam & Earl III: Mission to Earth novamente põe os alienígenas (agora com uma terceira integrante) em nosso planeta, agora em busca de 12 "álbuns sagrados do funk" roubados de seus planeta natal, Funkotron. Assim como no primeiro jogo, cada fase é representada por uma espécie de andar aberto onde o personagem pode se mover para qualquer direção e usar um elevador para se deslocar entre andarem. Devido ao fato de ser um jogo em disco, no entanto, não é possíve "cair" de um andar para o outro, como ocorria no jogo do Mega, já que isso demandaria uma tela de loading para carregar o nível inferior.
O jogo teve recepção mista, com avaliação média de 71/100. Em 2017, uma campanha do Kickstarter foi feita com sucesso, para que seja lançado um novo jogo da série.

Jet Set Radio Future

Talvez hoje não pareça grande coisa mas no começo dos anos 2000 Jet Set Radio despontava como um novo grande nome dos games. A primeira versão, lançada para o Dreamcast, recebeu notas altíssimas, tanto que até hoje acumula uma incrível média de 94/100 no Metacritic. Sendo um novo trunfo da Sega, foi escolhido para fazer parte do conjunto de exclusivos a ter uma sequência lançados para o Xbox.
Em Jet Set Radio Future a premissa é basicamente a mesma do primeiro jogo: o jogador controla o membro de uma gangue de patinadores que tenta controlar uma Tóquio futurística espalhando suas marcas de grafite enquanto fazem manobras radicais pelos obstáculos que a cidade oferece. A evolução em relação ao primeiro jogo fica por conta das fases bem maiores, agora interconectadas, aumentando bastante o número de objetivos e coletáveis a encontrar.
Esta versão teve uma recepção muito boa por parte do público e da mídia, com uma média de 88/100 em suas avaliações, o que mais uma vez nos faz pensar como a Sega desperdiçava nomes com grande potencial ao abandonar as franquias. Lançado em 2002, JSRF foi o segundo e último jogo da série.

Crazy Taxi 3: High Roller

A continuação de uma das séries mais originais da Sega, nascida nos arcades/Dreamcast onde teve duas versões, foi lançada exclusivamente para o console do Xbox em 2002 e assim permanece desde então. Crazy Taxi 3: High Roller mantém exatamente a mesma premissa dos jogos anteriores, onde você está no controle de um taxista um tanto incomum que deve pegar passageiros pelas ruas e entretê-los com manobras radicais enquanto os leva aos seus destinos para conseguir uma grana extra.
O jogo se passa em uma visão caricaturizada de uma cidade famosa dos EUA, como nos anteriores. Assim como o primeiro Crazy Taxi se passa em uma versão de San Francisco e o segundo de Nova York, o terceiro tem uma versão de Las Vegas como cenário. As duas cidades anteriores, porém, também estão disponíveis neste terceiro jogo.
Talvez por ter ficado restrito ao Xbox, esta versão acabou não ficando tão conhecida quanto as anteriores. Teve uma boa recepção da crítica especializada, embora com avaliação um pouco mais baixa que as partes 1 e 2 devido à pouca evolução que teve, que gerou um sentimento de "mais do mesmo". Tem uma média 7 nos sites agregadores.

The House of the Dead III

Outro jogo da Sega lançado na época apenas no Xbox original foi The House of the Dead III, a continuação da sua série de tiro em primeira pessoa em trilhos que fez sucesso no Saturno e no Dreamcast e suas duas primeiras versões.
O jogo é definido em um mundo pós-Aapocalíptico em 2019, 21 anos após o surto inicial de zumbis na mansão Curien após os acontecimentos do primeiro Jogo da franquia. Ao longo do jogo, Flashbacks revelam a motivação de Curien em sua obsessão de estudar assuntos da Vida Após a Morte, pois estava desesperado em busca de uma cura para tratar de seu filho, Daniel, que está sofrendo de uma Doença Terminal. Seus métodos cada vez mais antiéticos levaram-no a acreditar que seria capaz de mudar o mundo para um futuro melhor, desenvolvendo a Mutação.
Tendo uma nota média de 7/10, o terceiro jogo da franquia acabou sendo lançado anos depois como parte de uma compilação junto com a parte 2, para Wii e PS3. Além disso, a série ainda teve um quarto capítulo nos arcades, posteriormente portado para o PS3.

OutRun 2

Lançado em 2003 para os arcades, OutRun 2 é fiel ao formato estabelecido no clássico jogo original, no qual o jogador pilota um carro Ferrari com uma jovem no banco do passageiro através de cinco em 15 estágios possíveis. Ao final de cada estágio, o jogador pode escolher qual direção seguir, entre duas opções.
Em 2004, após uma série de boatos, OutRun 2 foi convertido exclusivamente para Xbox, em uma parceria entre a Sega-AM2 e os britânicos da Sumo Digital, em uma tarefa de condensar um jogo feito para um sistema com 512MB de memória RAM para um console com 64MB. Para surpresa da crítica especializada, o jogo foi lançado com pouquíssimas alterações visuais. A conversão mantém o visual e jogabilidade da versão original, mas a modifica sutilmente visando o uso doméstico. A versão arcade é mantida como um modo de jogo, chamada de "OutRun Arcade" ao qual se juntam dois outros modos: OutRun Challenge, que inclui 101 "missões" distribuidas pelos 15 estágios; e OutRun Xbox Live, para disputas via Xbox Live.
Um jogo excelente tanto nos arcades quanto em sua versão caseira, que tem uma avaliação média de 82% no GameRankings. Infelizmente, foi o último jogo lançado da série, já que depois disso houve apenas relançamentos atualizados do próprio OutRun 2 (como o Coast2Coast, lançado para outras plataformas, e o OutRun Online Arcade lançado para PS3 e Xbox 360).

Panzer Dragoon Orta

Provavelmente o mais aclamado jogo da Sega exclusivo para o Xbox, Panzer Dragoon Orta é o retorno ao estilo clássico da série após quase sete anos, já que Panzer Dragoon II Zwei havia sido lançado para o Saturno em 96 e Orta no final de 2002 (Japão) e começo de 2003 (EUA e Europa).
O jogo segue a história de Orta uma garota até então aprisionada que é salva por um dragão durante um ataque à cidade. Após descobrir mais sobre suas origens, ela decide que deve ajudar a livrar o mundo da tirania do império. O jogo evolui vários pontos do jogo anterior, como a possibilidade de transformar o dragão a qualquer momento para disparar diferentes ataques e habilidades que só existiam em Panzer Dragoon Saga, o famoso RPG da série.
Panzer Dragoon Orta foi amplamente aclamado pela crítica e até hoje retém uma média 90/100 no agregador de notas Metacritic. Sites como a IGN consideraram o jogo "o melhor rail shooter já criado". Embora muitos pedidos de um remaster/remake do jogo tenham sido feitos durante os anos, isso nunca foi atendido. Porém, em 2018 os fãs tiveram uma excelente surpresa quando o jogo foi incluído no programa de retrocompatibilidade do Xbox One, inclusive com o selo "Xbox One X Enhanced" que faz com que o jogo rode com resolução 4K e frame rate mais suave no console mais recente da Microsoft. O que já era lindo no Xbox original fica espetacular em uma TV 4K no Xbox One X!

Shenmue II

Por fim, Shenmue II, não poderia ficar de fora. Esse não é exatamente exclusivo do Xbox, mas é no ocidente, já que a versão de Dreamcast só saiu no Japão e Europa, então considere um asterisco aqui.
Shenmue conta a história de Ryo Hazuki, um jovem de 18 anos que quando volta pra casa numa tarde de novembro assiste um homem misterioso chamado Lan Di assassinar seu pai. Começa ali uma jornada em busca de vingança que até o momento ainda não terminou. Isso porque Shenmue foi um projeto bastante ambicioso para a época, e planejado para ser lançado em capítulos. Como o fim do Dreamcast e o alto custo de produção, o projeto foi simplesmente abandonado (até ser retomado em 2015 em uma campanha do Kickstarter, cujo produto final ainda não foi lançado).
Enquanto o primeiro jogo foi exclusivo para Dreamcast, o segundo foi lançado quando o console já estava na UTI respirando por aparelhos. Com isso, acabou sendo lançado apenas no Japão, onde teve uma sobrevida, e em territórios europeus. Os EUA ficariam sem esta sequência se um acordo entre Sega e Microsoft não tivesse resultado em um port do jogo para o então recém lançado console da dona do Windows, que acabou sendo assim a única versão ocidental do jogo.
A versão de Xbox acabou sendo basicamente um port direto da versão de Dreamcast, com a adição de uma dublagem americana de qualidade duvidosa. Como o console da Microsoft era consideravelmente mais poderoso que o da Sega, o jogo acabou ficando com um aspecto técnico inferior ao de outros jogos lançados na época, causando reações mistas da crítica especializada. Enquanto a versão de Dreamcast acumula uma média de avaliações em torno de 9/10, a de Xbox fica um pouco abaixo, na casa de 8/10.
