A bela e talentosa norte-americana Jeri Ellsworth, que com 15 anos já projetava carros de corrida, hoje desenvolve seus próprios chips de computador – além de ter criado o lendário C-1, o “Commodore em um chip”. Não por acaso, já foi chamada de “Wozniak de saias” – e, acredite, não é nenhum exagero.
Jeri Ellsworth nasceu na cidade de Yamhill, em Oregon, embora tenha crescido em Portland, cidade no mesmo estado americano. Como sua mãe morrera quando ela tinha apenas um ano, foi criada somente por seu pai, que era dono de um posto de gasolina e preparava carros de corrida. Foi aí que tudo começou.
Ainda muito nova, com 7 anos (SETE ANOS!!!), Jeri aprendeu sozinha como funcionava o sistema operacional (linguagem BASIC e loaders) do microcomputador doméstico Commodore 64 – famoso na época 2. Jeri aprendeu a programar nele apenas lendo seu manual, chegando a desenvolver programas completos. Não satisfeita, “hackeava” os programas e jogos existentes.
Depois, passou a desmontar todos os seus brinquedos para ver como funcionavam. Seu pai, cansado disso, passou a recolher na vizinhança aparelhos quebrados para ela destruir. Só que, passado algum tempo, a pequena Jeri começou a construir coisas novas – que funcionavam mesmo – a partir da sucata. Há que se dizer que ela faz isso até hoje.
Como sua cidade era uma comunidade rural, ela só conseguia componentes eletrônicos com os radioamadores da vizinhança. Essa escassez de recursos foi crucial para a personalidade inventiva e seu gosto por reciclar coisas antigas.
Mas a moça deu um tempo na eletrônica e na computação para meter-se em outra área bastante específica de conhecimento: a mecânica de carros de corrida em pista de lama.
Aos 12 anos, Ellsworth começou a ajudar seu pai na construção de carros de corrida, desses tipo “gaiola” que correm em pistas de lama. A princípio como piloto de testes, passou a desenvolver alguns projetos de carroceria e chassis, depois carros completos – que chegou a fabricar e vender com sua própria marca, num negócio em que era concorrente ao do pai.
Entrando nesse negócio, com o qual ela ganhou muito dinheiro, Jeri desistiu da escola – e, lembre-se, ela ainda era menor de idade quando tudo isso aconteceu!
Aos 21 anos, em 1995, Ellsworth abandonou o esquema das corridas e decidiu, junto com um amigo, abrir uma lojinha de informática, que montava e vendia computadores PC. Mas a parceria azedou e ela abriu uma loja concorrente, a Computers Made Easy (um trocadilho entre computadores tornados fáceis de operar e é fácil montar e vender um computador). As coisas prosperaram e a CME rapidamente virou uma rede no estado do Oregon.
Seu ex-sócio, aliás, foi à falência. As lojas de Jeri eram melhores e o atendimento ao público era mais cordial, o que o tirou da jogada em pouco tempo.
Mas, como em toda a sua vida, aborreceu-se do marasmo de administrar um negócio de varejo, que já dava sinais de declínio. “As margens caíram de US$ 400 por computador vendido para menos de US$ 75”, conta Ellworth em uma entrevista ao EE Times. “Não havia como sustentar as lojas assim”.
Quando vendeu tudo em 2000, mudou-se para Washington (o estado, não a capital federal) para estudar projeto de circuitos integrados (mais conhecidos como “chips”) na Faculdade de Walla Walla – o que também não deu certo devido ao que ela chamou de “incompatibilidade cultural”.
Aparentemente, os professores de Walla Walla não gostavam de ser questionados. Talvez uma reação tardia ao grunge, mas o fato é que Ellsworth largou a faculdade depois de menos de um ano e voltou ao Oregon.
O tempo passado em Walla-Walla não foi em vão, todavia. Ellsworth começou, já na faculdade, a estudar os circuitos de seu primeiro computador, o Commodore 64 (lançado 18 anos antes, em 1982), e no fim de 2002 já tinha um projeto de um único chip que substuía absolutamente TODO o computador.
Animada com o projeto, Ellsworth acabou abrindo mais uma empresa (com o empresário alemão Jens Schönfeld, da Individual Computers) que fabricava uma placa-mãe compatível mecanicamente com o Commodore 64 original e que funcionava exatamente como a “oficial”.
Batizada de C-1 (ou C-One – www.c64upgra.de), a placa logo ganhou emulações de outras plataformas (por exemplo, o Amstrad CPC, o Sinclair ZX-81 e o primeiro computador da Commodore, o VIC-20).
Hoje, pode ser reconfigurada com módulos para emular quase qualquer coisa dos anos 80 e 90 e mesmo para criar plataformas inteiramente novas de computação “faça-você-mesmo” (muitos anos antes do Arduíno…).
Em paralelo, Jeri foi convidada pela empresa Mammoth Toys para desenvolver um outro produto, um computador Commodore 64 completo que cabia dentro de um joystick e que já vinha com 30 jogos classicos da plataforma.
Entre o projeto, produção e envio às lojas, Ellsworth levou apenas cinco – julho a novembro de 2004, bem a tempo para o Natal. O C64DTV (Commodore 64 direct-to-TV), como foi oficialmente batizado, vendeu 70 mil unidades no primeiro dia e mais de quinhentas mil unidades no mundo todo enquanto foi fabricado. Nada expressivo, mas fez bem às contas correntes dos envolvidos – menos Ellsworth, que deveria ter ganho royalties pelo produto e, segundo ela, até hoje não viu a cor.
Todavia, o jornal The New York Times fez uma grande reportagem sobre “a garota que projeta chips” (cuja foto reproduzimos aqui), o que catapultou a carreira de Ellsworth e garantiu muitos outros projetos financeiramente bem mais proveitosos.
Depois da experiência na indústria, Ellsworth passou a dar palestras pelo mundo, sendo considerada uma estrela em todos os eventos de que participou – e, obviamente, seu “passe” para dar alguma conferência não é nem um pouco pequeno. Em cada um deles, além da palestra do dia, apresentava uma maluquice diferente feita especialmente para a ocasião.
Por exemplo, para a famosa feira norte-americana de de faça-você-mesmo, a Maker Faire de 2011 (patrocinada pela revista Make), Ellsworth criou uma lâmpada sobre a cabeça que acende mesmo quando ela tem uma ideia, da mesma forma que nos desenhos animados. A traquitana possuía, alem da lâmpada e da eletrônica agregada, sensores para detectar as ondas cerebrais – e, portanto, determiar quando alguma coisa lhe passa pela cabeça.
Em outra oportunidade, a feira de robótica BarBot, também em 2011, a hacker criou um vestido que acende automaticamente quando alguém se aproxima. Para completar do costume, Jeri usou também uma bolsa NES, uma bolsa feminina com uma miniatura de Ni***ndo 8 bits embutida – incluindo controles e uma telinha LCD!
Além de se apresentar em eventos e feiras, Ellsworth também virou uma estrela da web. Ela tem seu próprio canal no YouTube (youtube.com/user/jeriellsworth), onde apresenta suas invenções malucas e fala sobre carreira, tecnologia e apresenta muitos, eu disse muitos, projetos estrambóticos e bacanas que você pode fazer em casa.
Entre 2007 e 2009, Jeri apresentou, junto com o músico e hardware bender George Senger, o webprograma Fat Man and Circuit Girl. Nele, a dupla mostrava ideias de projetos que poderiam ser realizados reaproveitando coisas velhas – como por exemplo um gravador de voz usando um drive de disquete, Jeri também atua como educadora, ensinando às crianças de escolas americanas a reciclar e experimentar com o “lixo tecnológico” para construir coisas novas – além de contar sua história, como forma de inspirar os mais jovens a seguir seus passos.
Uma entrevista (em inglês) com Jeri Ellsworth no programa Triangulation, do canal de TV pela web TWiT.com, A entrevista foi gravada em fevereiro de 2011. Mas a hacker, sendo uma pessoa todalmente imersa nesse nosso louco mundo tecnológico do século 21, está em todo lugar.
A propósito, ela tem uma coleção de mais de 90 máquinas de pinball (“fliperama”) em seu porão, a maioria funcionando – e só estão funcionando porque ela reformou.
Em meio à reserva de mercado, o Commodore 64 – um sucesso nos EUA – jamais apareceu aqui no Brasil. O computador correspondente que tivemos por aqui foi o excelente MSX, projetado no Japão e um sucesso estrondoso na Asia, Europa e América do Sul. Jeri teria gostado dele: era muito mais hackeável que o Commodore e usava o valoroso processador Zilog Z80, além de ter desempenho e recursos de som, cor e alta resolução parecidos com o do concorrente norte-americano.
Fonte: Geek World e www.jeriellsworth.com
Conheça Jeri Ellsworth a menina que projetava chips de silício e criou o Commodore 64 portatil.
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Re: Conheça Jeri Ellsworth a menina que projetava chips de silício e criou o Commodore 64 portatil.
Eu não tenho palavras para descrever o trabalho dessa moça. A primeira vez em que ouvi falar dela foi por conta de um contrabaixo que ela fez tendo como corpo um Commodore 64, que não apenas funcionava isoladamente como um keytar mas também alterava o som das cordas, um negócio lindo - eu ainda quero um destes.
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Re: Conheça Jeri Ellsworth a menina que projetava chips de silício e criou o Commodore 64 portatil.
Ela é realmente incrivel não é Corredor? eu a sigo no twitter e ela esta em um projeto de realidade virtual, ela acabou pegando o projeto inacabado na Valve onde estava trabalhando e como ela saiu, levou a equipe dela para outro projeto focado em VR.Corredor X escreveu: ↑Seg Nov 06, 2017 10:18 pm Eu não tenho palavras para descrever o trabalho dessa moça. A primeira vez em que ouvi falar dela foi por conta de um contrabaixo que ela fez tendo como corpo um Commodore 64, que não apenas funcionava isoladamente como um keytar mas também alterava o som das cordas, um negócio lindo - eu ainda quero um destes.
Ela é super inteligente
Re: Conheça Jeri Ellsworth a menina que projetava chips de silício e criou o Commodore 64 portatil.
Não a conhecia! Estou oficialmente impressionado
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Re: Conheça Jeri Ellsworth a menina que projetava chips de silício e criou o Commodore 64 portatil.
Impressionante... Ela tem um talento que muito marmanjo não tem, quase que sobrenatural