Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
Eu discordo veementemente de você no assunto, mas se eu fosse entrar com quatro pedras na mão para te agredir eu seria o quê?
Legal, já fui ameaçado e tive conta banida num fórum estrangeiro por defender (com todo o respeito) coisas politicamente incorretas. Bom saber que aqui dá pra conversar. E lá vamos nós...
Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
A gente sabe muito bem que sexo vende, a bunda da moça na propaganda do Davis Cup é uma graça, mas imagina o quanto a mensagem desse tipo de peça colaborou para que as pessoas imaginassem que videogame é coisa exclusivamente de adolescente espinhento punheteiro que não faz nada da vida.
Tinha que começar por algum lugar. Videogame era coisa de criancinha no início, depois virou coisa de adolescente também, e depois de adulto, e depois de mulher, e depois de todo o mundo. O que quero dizer é que os anúncios não tinham essa temática desde o começo, e mesmo assim em algum ponto aquele público foi conquistado e representava uma boa fatia do mercado que precisava ser mantida. Daí pra frente foi só juntar 2 mais 2 e investir naquele mercado com o que era do seu interesse, mas isso não significa que 100% dos jogos começaram a partir daí a serem divulgados por apelação sexual. Foram feitas inclusive várias iniciativas para tentar atrair esse mercado de mulheres durante esse período, que não produziram resultados até a recente popularização dos smartphones, que evoluiu o cenário gamer a um ponto tão improvável (em relação ao que se podia imaginar no passado) que finalmente conseguiram satisfazer o interesse feminino, visto que
80% dos jogadores de smartphone é composto por mulheres. Mas essa realidade que vivemos hoje era algo totalmente absurdo e impossível há 25-30 anos atrás; ali era melhor manter o que já havia sido conquistado, e esses anúncios são frutos disso.
Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
Ou seja, definitivamente não é algo para dois adultos funcionais que trabalham, pagam as contas em dia e colaboram com a sociedade, como você e eu. A gente sabe que isso não é verdade, mas o estereótipo perene de "você não está velho demais para isso?" também é reforçado por isso.
Não entendi. O anúncio atinge quem tem interesse por ele. O do jogo de tênis ainda chamaria minha atenção hoje do mesmo jeito que chamaria se eu o tivesse visto antes na minha adolescência. Eu diria que esses anúncios são mais para adultos do que adolescentes. E sou adulto, eu nunca tive meus sentimentos feridos por alguém que acha que sou velho demais pra isso ou aquilo. O mundo é assim, gente dando palpite em tudo o que você faz o tempo todo, não tenho tempo pra ficar me preocupando com isso se eu realmente quiser viver minha vida do meu jeito, até porque todos têm o direito de dar palpite. Não é crime, mesmo sendo algo importuno.
Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
O pai se recusou durante toda a infância a dar qualquer videogame para ela porque ele dizia que não era algo para meninas
Esse é apenas um caso, não dá pra ilustrar muita coisa. No meu caso, quando meu pai nos comprou o Saturn em 1995, ele fez questão de comprar algum jogo que eu e minha IRMÃ pudéssemos jogar juntos, e o único nessas condições na loja em que ele comprou era o UMK3, que minha irmã detestou e eu adorei, sem nunca termos visto um único anúncio de games. Um caso completamente oposto ao da sua amiga, porque meu pai é da hora. Dá pra ilustrar alguma coisa com isso? Não muito. Mas no caso da sua amiga, tenho certeza que a culpa é toda do pai rígido e ignorante que já tinha seus preconceitos definidos muito antes do surgimento dos video games, e não dos anúncios. E quanto aos fliperamas não serem lugares seguros para mulheres, ainda estou pra achar um. Um fliperama perigoso pra uma mulher é perigoso pra uma criança, e pra qualquer outra pessoa. Não dá pra frequentar um fliperama escuro nas quebradas da Sé e usá-lo como exemplo de qualquer coisa que possa acontecer entre os jogadores. Já fui assaltado uma vez dentro de um fliperama desses, se eu usasse esse acontecimento pra criar um novo preconceito contra os jogadores eu nem estaria falando com vocês aqui nesse fórum.
Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
Deixar de beber cerveja por conta da Verão seria uma culpa por associação muito besta mesmo, mas isso não significa que não se deva agir contra a marca específica daquela cerveja se você não concorda com a forma de promoção da mesma por ela transgredir ou se manifestar sobre algo de uma forma contrária ao bom senso.
Bom senso não é lei, e o que é bom senso pra você pode ser contra-senso pra mim. Se o anúncio não transgride nenhuma lei, tá valendo, porque essas são as regras reais do jogo. O mercado é muito grande e muito interesseiro para que haja apenas uma opção a ser escolhida. Boicote a empresa, escolha outra... mas não censure. Principalmente se o argumento for baseado em "ofensa recebida", que é algo muuuuito subjetivo. Exemplo: minha avó faleceu em 2012 por conta de um câncer. Foi com certeza a parte mais difícil e angustiante da minha vida e de minha família cuidar dela no estado em que ela estava, e no ano passado assisti a um stand-up ao vivo em que o cara fez uma piada sobre câncer. Não consegui rir, poderia ter me retirado, mas resolvi ficar porque o show estava muito bom. O que nunca me passou pela cabeça foi levantar e começar a atacar tomates podres no comediante, ou vaiá-lo. Se você for pensar, tudo o que um comediante faz é tocar em feridas, e sempre vai ter um que se sentirá ofendido por algo. Quer dizer que sempre que acontece algo trágico na minha vida, todos ao meu redor perdem o direito de abordar o assunto de uma forma descontraída? Tenho que "agir contra" a pessoa que fizer isso? Não posso concordar...
Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
É perigoso pra caramba relativizar a coisa desse jeito. O que pode parecer frescura para você, pode ser só a ponta do iceberg de uma situação recorrente de outra classe/gênero/parcela
Não gosto de agrupar pessoas em classes dessa maneira, como se elas todas houvessem tido a mesma experiência de vida, mas como eu disse: se não infringe nenhuma lei, a empresa tem o direito de publicar o que quiser. E com "frescura" eu quis dizer que existem pessoas com a pele mais fina que outras. Tem gente fazendo estardalhaço por nada. O mundo nunca esteve tão sexualizado para ambos os lados e existe uma seletividade muito clara do que é aceitável e do que não é, baseada em idéias políticas. Há 2 pesos e 2 medidas para tudo: as dançarinas do Faustão são objetificação, mas 50 Tons de Cinza explode em bilheteria; o mesmo pessoal que reclama das heroínas de roupas curtas dos quadrinhos é o que glorifica Anita e Miley Cyrus; qualquer nudez besta tem potencial para censurar toda uma obra, mas colocar uma criança pra encostar no p**** mole de um velho pelado (
CRIME) está prestes a se tornar arte... No fim do dia, se você estiver do lado certo, tudo é permitido.
E ainda em "frescura" eu também incluo o pessoal que quer transformar o Mario num machista misógino pelo fato dele salvar uma princesinha de vestido rosa em apuros em seus jogos. Inclusive foi esse tipo de militância com finalidade de aplicar uma censura moral às empresas tradicionais que provocou o #gamergate, o episódio mais mal-interpretado da história dos games. Ou seja, chegamos a um ponto onde figurar uma mulher indefesa em um jogo é equivalente a negar o holocausto. Isso pra mim vai além de frescura, é desonestidade intelectual.
E ainda sobre os bonecos que você coleciona: as armas que matam inocentes nas mãos das pessoas erradas são as mesmas que salvam inocentes nas mãos das pessoas certas. Acredito que esses Falcons sejam heróis, então não há motivos para removerem as armas. Nenhum mesmo, é um exagero e tenho certeza de que eles sofreram algum tipo de pressão. Se fosse assim teríamos que remover as armas de todos os policiais para que os traumatizados por elas não as vissem, transformando o mundo num safe-space. E se o problema aqui for crianças brincando com armas e se tornando psicopatas, sabemos que isso não procede. Folhear uma revista de games com anúncios apelativos não te transforma num maníaco sexual, jogar GTA não te transforma num gangster assassino, brincar com armas de plástico não te transforma num bandido. Sempre fiz essas 3 coisas.
Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
O caso da publicidade das Havaianas: se nós tivéssemos um contexto social no qual os homens são vítimas de constante assédio das mulheres, temendo pela sua integridade física/mental por conta disso, se fosse considerado "normal" (muitas aspas aqui) por parte das mulheres os homens terem que se sujeitar a esse assédio, aquela propaganda seria uma monstruosidade.
Então, pelo motivo de não termos esse contexto social, a propaganda é aceitável? Precisamos normalizar um comportamento vulgar primeiro para combatê-lo depois? Porque é esse o efeito que a propaganda produz (
1,
2,
3,
4...), e ainda assim, dois erros não fazem um acerto. É a velha história do "faça o que eu digo, não faça o que eu faço". É publicidade baseada em objetificação do mesmo jeito, reduzindo um ser humano à sua carne, vinda de gente que diz buscar igualdade cometendo o mesmo pecado mortal contra o qual milita. Pra mim, não tem justificativa: se é pra deixar o mundo chato, que os dois lados sofram as consequências. Se existe uma injustiça contra mim que eu quero que desapareça, por que promovê-la contra outras pessoas inocentes ao invés de dar o exemplo? E que fique claro: não sou contra a exibição do anúncio das Havaianas, nem contra os anúncios desse tópico; sou contra a hipocrisia e o tratamento desigual que as pessoas dão ao mesmíssimo problema.
Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
Caramba, nós vivemos em tempos que uma filósofa foi chamada de bruxa, queimada em efígie e agredida no aeroporto porque veio ao país falar sobre ideologia de gênero. Se isso não é preocupante e chama a nos fazer pensar um pouco sobre representação feminina na mídia, não sei o que faria.
Gente burra e criminosa. Me oponho à ideologia de gênero e discordo de 110% do que essa dona aí diz, mas jamais usaria meus punhos como argumento, isso é coisa de trogloditas (ou poliglotas) incapazes de manter uma discussão. Eu boicotaria, assinaria até um daqueles abaixo-assinados que fizeram, mas violência jamais! Esses caras só prejudicam o nosso lado. Mas vamos lembrar que ambos os lados tem seus bandidos (
1,
2,
3...). A tolerância e o respeito têm que vir de todas as direções se todo mundo quiser se entender. E desculpe pelas fontes americanas, eu trabalho com notícias e sou correspondente de um blog, então estou mais por dentro do que acontece nos EUA do que no Brasil.
Corredor X escreveu: ↑Sáb Nov 11, 2017 5:58 pm
Eu só permito apedrejamentos públicos aqui quando alguém diz alguma sandice, como por exemplo falar mal de Phantasy Star, claro.
Concordamos nisso.