A história é bem esparsa e bizarra: você é um astronauta ejetado de algum lugar contra a vontade em uma nave e vai parar em uma estação espacial aparentemente abandonada. E só. O resto você vai descobrindo através de registros nos computadores de bordo, sobre experimentos realizados com uma estranha raça de "pedras pensantes" encontradas por um expedição e, obviamente, em algum ponto a coisa toda dá um rebu danado. Dizer qualquer coisa a mais da história é spoiler, então recomendo que joguem e depois contem se tiveram a mesma reação WTF por conta das surpresas do final, bem como do conflito ético que pode resultar dele - tanto pela estética quanto pela temática e principalmente pela história, não tem como não lembrar de The Dig, essa obra-prima, bem como filmes do John Carpenter e outras obras correlatas. Só posso dizer que a execução é finíssima.
Com alguns segundos de jogo, não tem como não lembrar de Super Metroid pela estética da coisa - embora desgraçadamente mais sombria. Mas termina aqui as semelhanças, visto que seu personagem não possui a princípio qualquer tipo de arma, apenas pode se movimentar e dar pulos baixos. Logo você encontra dois dispositivos curiosos: um permite que você possa fazer até quatro clones de seu corpo em qualquer parte da tela, como se fosse um projetor. Eles se movimentam junto com seu personagem e são úteis para pisar em switches para abrir portas e tal. Eles se desfazem caso caiam de lugares altos, alcancem uma determinada fonte de luz ou mesmo quando você sai da sala. Os clones ficam ainda mais interessantes quando você encontra um artefato chamado Swapper, que como o nome denuncia permite que você passe sua consciência para suas cópias, podendo alcançar assim locais antes inacessíveis, desativar barreiras e coisas do tipo. Com a ajuda desses artefatos, você precisa resolver puzzles e coletar orbes que dão acesso a outros locais da estação.
Esses desafios não são exatamente fáceis e é aí que mora toda a graça do jogo, junto com a tensa e parca história. O projetor, por exemplo, não consegue fazer clones dentro de qualquer iluminação azulada, bem como não dá para usar o Swapper através de luz vermelha - a luz meio rosa/roxa da combinação das duas impede qualquer ação, por sinal. Então, a maioria dos puzzles para pegar as orbes é basicamente você achar formas criativas de apagar ou dar a volta nessas luzes para conseguir alcançar o objetivo, que exige ações loucas como posicionar os clones em locais bem específicos e manobrar vários ao mesmo tempo, usar a gravidade ao seu favor, trocar de corpo no meio de uma queda em frações de segundo e por aí vai. É simplesmente pecaminoso usar um walkthrough para este jogo, visto que a graça é quebrar a cuca para resolver os puzzles - além de tirar toda a graça, deve dar para terminar o jogo em menos de uma hora seguindo um detonado.
Dito isso, esse alerta sobre evitar guias, você fatalmente vai precisar de um se quiser ganhar qualquer troféu no jogo - você simplesmente termina o jogo sem provavelmente nenhum deles. Isso se dá pelo fato dos prêmios do jogo não se darem por desenvolvimento da história, desafios cumpridos e coisas do tipo; todos eles, numerados em algarismos romanos e sem qualquer descrição, dizem respeito a encontrar painéis escondidos durante o jogo. Escondidos é até um termo bondoso, os mesmos são humanamente impossíveis de serem encontrados, estando ocultos dentro de paredes e locais praticamente inacessíveis no decorrer do jogo. Se você não souber exatamente o que está procurando, não tem como encontrar - mesmo assim ainda é complicado alcançar alguns painéis. Provavelmente, eles fizeram isso para que você possa jogar novamente e fazer o final alternativo do mesmo, que tem a ver como você reage a uma determinada questão nos momentos finais.
Este aqui merece ser jogado, recomendo demais
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