Jogos Retrô via streaming em 2022: Vale a pena?

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Sonymaster
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Jogos Retrô via streaming em 2022: Vale a pena?

Mensagem por Sonymaster »

Embora a indústria de jogos já supere a do cinema em termos de retorno financeiro e diversidade, ainda há um esforço coletivo para que os jogos sejam considerados como uma das grandes artes. Neste ponto, um esforço crucial é a preservação da história e continuidade dos jogos, buscando formas de garantir que a biblioteca de jogos de sistemas antigos continue intacta e disponível – este desafio é muito maior para a indústria gamer do que a música ou cinema, já que muitas vezes os jogos (especialmente os retrô) estão atrelados a algum hardware específico e não podem ser facilmente reproduzidos em qualquer aparelho.



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Dessa forma, temos um grande conflito entre o público que deseja ter acesso aos seus jogos nostálgicos favoritos e a dificuldade de encontrá-los e jogá-los em aparelhos modernos. Mesmo quando somos capazes de executar os jogos no computador, o dia a dia moderno de consoles como o Ni***ndo Switch mostram que a ideia de carregar sua biblioteca para todo lugar, sincronizar saves, receber achievements, entre outros recursos da atualidade, fazem uma falta imensa.



Alguns anos atrás, a plataforma Plex Arcade prometia se transformar no Netflix dos jogos retrô, permitindo que sua biblioteca fosse acessada em qualquer aparelho à partir do streaming – no entanto, o serviço foi considerado ineficiente e caro, e foi descontinuado em 2022, ao passo que plataformas de streaming de jogos grandes como a Xbox Game Cloud e Nvidia GeForce Now chegam ao Brasil com bastante sucesso (e vários obstáculos a enfrentar). Será que neste meio termo existe o espaço para uma biblioteca retrô baseada em streaming? Vamos conhecer se vale a pena.



Transmitir jogos funciona?

De forma simplificada, streaming de jogos é a ideia de renderizar um jogo em um dispositivo poderoso, como um computador desktop ou o servidor de serviços como o GeForce Now, e enviar o vídeo em tempo real para qualquer outro aparelho que, por sua vez, registra os botões pressionados pelo usuário e envia para o servidor. Assim, é possível jogar em tempo real sem depender das capacidades técnicas do dispositivo que está reproduzindo o jogo.



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Embora plenamente funcional, a técnica de streaming é bastante sensível à velocidade e latência da rede de internet, variações na conexão podem ocasionar em atrasos no tempo de resposta ao botão pressionado no controle, frames de vídeo sendo perdidos, e problemas no áudio. Usando uma conexão local, o problema é reduzido, mas não completamente resolvido. Para usuários caseiros, o recomendável é utilizar um computador conectado via cabo de rede ao roteador e Wi-Fi de 5GHz nos dispositivos que receberão a imagem, ou redes 4G+ e 5G em smartphones.



Se o conceito já funciona em grandes jogos AAA disponíveis em plataformas como o Xbox, será que a ideia já está robusta o suficiente para usarmos em nossa biblioteca de jogos de Super Ni***ndo, Mega Drive, entre outros consoles clássicos? Nossa equipe realizou um teste para descobrir.



Usando o Steam Link para jogos retrô



Embora muitas soluções estejam disponíveis para fazer o streaming de um jogo de seu computador para outros aparelhos, buscamos encontrar a melhor combinação entre performance e facilidade de uso. Por isso, nossos testes foram realizados usando o RetroArch no Steam – central de software capaz de executar jogos desde o Atari até o Ni***ndo Wii U, e o serviço Steam Link integrado à plataforma.



Com o Steam Link não é necessário se preocupar com algum tipo de configuração complicada, basta instalar o app nos aparelhos que desejar e conectar à sua conta do Steam – o aplicativo abrirá a rede, dará conta do controle Bluetooth ou tela por toque, e fará o equilíbrio entre qualidade de imagem e velocidade da transmissão.



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Nosso primeiro teste foi o Batman do Nintendinho (NES), jogo com visuais incríveis para o console e que podem ser confundidos com 16 bits, em comemoração ao lançamento do filme e para encontrar vilões clássicos como os da lista da ExpressVPN . Nosso teste foi realizado utilizando um aparelho Android com o controle GameSir X2, porém, o Steam Link também transmite para outros computadores com Windows, Mac, Linux, televisões com Android TV ou Samsung, entre outros. Também testamos o Super Mario 64 no Ni***ndo 64 para explorar as possibilidades com jogos da primeira leva de 3D poligonais nos consoles.



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Conectamos o celular a rede 5GHz e o computador via cabo Ethernet e o resultados foram mistos: em um primeiro momento, começar a jogar no computador e depois levantar e continuar a jogatina na cama com o celular, vendo toda a sua biblioteca de jogos nas palmas das mãos, é uma experiência incrível que nos incentivou a jogar ainda mais e conhecer mais jogos retrô. Por outro lado, mesmo em condições ideais de rede, a experiência foi mista: sofremos com atrasos no áudio, delay perceptível entre pressionar um botão e ver o resultado na tela, e em Super Mario 64 morremos mais de uma vez pela dissonância entre o movimento no analógico e o segundo de delay na resposta.



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Por outro lado, em algumas circunstâncias, a conexão parecia magicamente arrumar a si própria e tudo flui com perfeição – nesses raros momentos, tivemos uma visão de um futuro onde tudo funciona via streaming e a experiência foi extremamente interessante. Além disso, conseguimos rodar no telefone celular jogos que jamais poderiam rodar no Android, como a biblioteca do PlayStation 2.



E então, vale a pena?



A ideia de carregar no bolso toda a sua biblioteca de jogos retrô parece fantástica – jogar na tela grande do PC e imediatamente continuar enquanto espera seu ônibus no ponto é o sonho de todo retro gamer, mas em última análise, a tecnologia ainda está distante de se tornar uma solução viável, especialmente no Brasil onde a infraestrutura de rede ainda é limitada.



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Com futuras inovações como as redes 5G de onda milímetro e roteadores com Wi-Fi 6, a história pode ser completamente diferente – streaming de jogos pode se tornar a melhor maneira de acessar seu catálogo antigo. Mas no hoje e agora, ainda não podemos recomendar este tipo de solução. Aparelhos portáteis capazes de executar o RetroArch já existem, com uma variedade de opções e preços, e embora não dêem conta de sistemas mais novos e complexos, já são suficientes para toda a era dos 8 aos 64 bits.



Fonte: Arkade
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