Jair escreveu: ↑Qua Mai 17, 2017 12:57 pm
Por que será que mudaram o nome da arma no desenho em no pso? Coisa besta.
Talvez por questão de direitos autorais no jogo, mas no desenho e talvez mesmo no
PSO mas o mais provável é que seja intencional: Ruby Bullet é uma brincadeira com o "Akai Kodan/Red Photon" do original, uma referência velada em vez de algo explícito. Da mesma forma em que só o design da arma cita a outra em
Borgman, homenagem em vez de continuidade. Particularmente, eu prefiro assim, ADOGO um intertexto
E lá vamos com mais um...
Star Wars
É o que está tendo por hoje.
Quem me conhece bem sabe o quanto sou fã de
Guerra nas Estrelas. Na verdade, com uns cinco minutos de conversa casual qualquer um percebe isso... Bem, tendo crescido embalado pelos filmes, brinquedos, séries, desenhos e demais vertentes da franquia, não é de se estranhar que eu seja entusiasta desde sempre dos jogos baseados nela. Começando pelos títulos do Atari, passando pela sensacional trilogia do
SNES e os simuladores da LucasArts para PC, eu gastei uma quantia considerável do meu contingente de horas diante de um videogame nas obras baseadas no universo do nosso caro George Lucas. Mesmo meio relapso em relação aos (muitos) jogos mais recentes da franquia, eu sempre tive um espaço reservado no coração e no tempo para essas adaptações. Homessa, eu gostei de
Phantasy Star de cara porque tinha stormtroopers, pistolas laser e sabres de luz, quer sinal de fanatismo maior?
Dito isso, é até estranho o fato de eu nunca ter jogado da versão Master System de
Star Wars, nessa combinação irresistível de franquia e console favoritos. Lembro de ter experimentado o port do NES do mesmo jogo e até mesmo terminado (sob duras penas) a amalucada versão de Famicom da mesma época, que não só transforma Darth Vader em escorpião e tubarão como copia
Alex Kidd in Miracle World na cara dura. Esta aqui, no entanto, escapou do meu radar há tempo demais e achei que já era hora de reparar essa injustiça. Mal sabia eu o que encontraria...
A jornada já começou não muito promissora; visto que não tenho o cartucho, lá foi o Xisto emular o jogo. No PSP, o emulador encrencou com a ROM, fazendo com que o personagem ficasse intangível, sem ser tocado pelos monstros e obstáculos mas também sem pegar item algum. Joia parte um, Uma Nova Urucubaca. Ao tentar ligar o XBOX, percebo que o cabo de força dos meus monitores resolveu pedir penico, inviabilizando jogar por ora nele também – aliás, ainda preciso comprar outro. Joia parte dois, A Urucubaca Contra-Ataca. Restou instalar um emulador no PC, gastar um tempinho configurando para deixar aceitável (é sério que as opções padrões são a mais escolhidas pelo povo? Credo!) e ver do que se tratava.
A história segue os eventos do primeiro filme, os quais eu não preciso detalhar aqui porque as únicas pessoas de bem que não viram os filmes são os personagens do filme, lógica imbatível do Marshall de
How I Met Your Mother. Visualmente, o jogo é uma graça, ainda mais se comparado com a versão de NES. Colorido, bonito, cenários simples mas interessantes e os rostos digitalizados mais sensacionais do Master sem contar o Conan de
Golden Axe. Coisa fina mesmo. O som é bacana, com boas representações dos temas do filme em oito bits, incluindo aquelas notinhas atmosféricas que eu tanto gosto do Master. Além de efeitos sonoros interessantes, como o do sabre de Luke, ainda temos detalhes como a troca de personagens ocasionar a mudança da música, bem sacado. Em termos de apresentação, a versão Master goleia a do NES com elegância.
Aí você erra o primeiro pulo e a magia se perde.
Vamos direto ao dedo na ferida: o maior problema de
Star Wars é o controle. Em um desses raros casos de ironia, a questão nem se trata dele não responder bem, mas sim de responder mais do que devia. Acho que o adjetivo “solto” é a melhor definição para o direcional aqui. Você se movimenta, para e o Luke continua um pouquinho. Você pula e ele vai além um bocadinho do que era necessário. Em um jogo no qual sua precisão é cobrada em pixels de tempos em tempos, isso é muito ruim. O movimento que certamente vai fazer o jogador perder a paciência com mais frequência é a corrida com o pulo. Você segura o botão de tiro, corre um espaço determinado e daí SEGURA (não aperta) o botão de pulo. Em teoria, era para ser lindo como o voo de
Super Mario 3, mas aqui a coisa degringola, principalmente porque alguns pulos precisam ser exatos em níveis constrangedores, a famosa “beiradinha do precipício”. Você vai errar e vai morrer seguidamente por conta disso, especialmente quando entram em cenas esteiras que impulsionam os personagens para alcançar distâncias maiores – uma delas quase me fez desligar o emulador mais de uma vez. Em tempo voltaremos à essa deficiência do jogo, porque nada ganha de exemplos práticos.
O jogo tem dois modos de dificuldade, Cadet e Jedi, respectivamente Normal e Difícil. Eu terminei
Star Wars em ambos tentando alcançar (inutilmente, como veremos) o melhor final e recomendo de todo o coração que quem se arriscar neste aqui permaneça no Cadet. A diferença entre ambos tem a ver com o volume de inimigos – o aumento deles é mínimo, quase imperceptível às vezes – e também com o fato do seu personagem tomar mais dano dos inimigos, além de também perder energia se cair a partir de determinada altura. Este último detalhe, sem dúvida alguma, é a principal razão para os curiosos permanecerem no modo normal. Dada a anteriormente citada deficiência de precisão que vai te fazer repetir um pulo diversas vezes, você certamente vai querer jogar o controle na tela em alguns pontos. Eu sei que eu quis.
O jogo começa com Luke procurando pelo droid fujão R2-D2 numa estrutura que lembra os passeios de Landrover por Motávia em
Phantasy Star: um mapa desértico em Tatooine que você cruza em seu landspeeder e entra em cavernas para procurar itens. Aconselho demais usar o mapa incluso no manual ou procurar um na net, é fácil se perder aqui. Após pegar um laser melhor na primeira caverna, você invade o veículo dos jawas para achar R2-D2. Muita gente deve ter desistido de jogar aqui, com as primeiras esteiras e dificuldades de desviar de tiros. Daí, antes de encontrar Obi-Wan Kenobi, você passa por outras cavernas para pegar itens no formato da Millennium Falcon, que são escudos para a mesma. O jogo não explica de cara, mas é de extrema importância estocar oito deles. No modo Cadet eu olhei caverna por caverna, mas no Jedi eu repeti o mesmo estágio fácil várias vezes até preencher a cota, operação recomendada até no manual, que evita muita raiva por conta dos pulos imprecisos e que no fim das contas contribuiu para eu não ver o final do jogo...
Após encontrar Obi-Wan numa caverna (parecendo um jawa gigante), ele te dá o sabre de luz, que é oficialmente a melhor arma do jogo. A partir daqui, em lugar de ficar desviando de tiros e acertar com o blaster de longe, o ideal é partir para a ignorância e pular sobre o adversário dando estocadas com a elegante arma jedi – curiosamente, o jogo fica mais “perdoável” em termos de detecção de toque no inimigo com tal artefato em mãos, o que é bacana. Seguindo, vamos a Mos Eisley e a estética-landrover é então abandonada, dando lugar apenas ao revezamento entre fases de plataforma e as vindouras de tiro. Para acessar estas últimas, é preciso primeiro encontrar Han Solo – numa excelente digitalização do Harrison Ford, embora a do Alec Guinness seja imbatível – que libera o uso da nave Millennium Falcon, além de se tornar um novo personagem controlável.
Aliás, uma nota: Han tem uma arma muito melhor do que o blaster padrão de Luke, mas só tem uma vida – além de não conseguir pegar vidas extras espalhadas pelo cenário, troque de personagem ao vê-las. O detalhe é que ao morrer, Han deixa de ser controlável, mas basta usar Obi-Wan Kenobi na tela de opções para que ele o ressuscite usando a Força. Não sei se há um limite para a operação, visto que só a utilizei uma vez em cada modo por jogar 95% do tempo com Luke, mas imagino que não.
Após sair de Mos Eisley – e enfrentando alguns clones do Boba Fett no caminho, sendo que ele nem aparecia neste filme antes das Edições Especiais! – você toma o controle da Millennium Falcon em busca da Princesa Leia, em um campo de asteroides no que previamente fora Alderaan. O estágio lembra muito os clássicos
X-Wing e
Wing Commander; confesso que rolou uma nostalgia danada de ambos... E é aqui que os tais ícones da MF se fazem úteis: cada um deles equivale a uma unidade de força do escudo defletor, que diminui conforme os asteroides atingem a nave. Um detalhe crucial aqui: caso você perca todos os escudos, você perde um continue em vez de vida, então trate de fugir das pedras (
AEROLITOS!) o máximo que puder. Uma dica que dou é tentar “costurar” a trajetória a todo tempo, alternando direita/esquerda e cima/baixo em intervalos regulares. É meio pauleira a princípio, mas vai.
Outro estágio de plataforma, agora na Estrela da Morte. Um estágio simples, lembrando bem o Sandcrawler dos jawas, no qual é necessário achar o computador central para que R2-D2 encontra a Princesa. Após a curta fase, enfrentamos o primeiro chefe do jogo, o raio trator da Estrela da Morte – a exemplo da versão
Super de SNES, ele precisa ser destruído em vez de desligado por Obi-Wan como no filme. Aqui é o único momento do jogo no qual Han, com seu blaster apelão, é realmente necessário. Basta desviar dos dois raios (três no modo Jedi), subir em uma das escadas laterais e ficar alternando entre elas enquanto se atira no centro do aparelho. Um detalhe tosco: caso seu personagem caia da escada, mesmo tendo uma plataforma abaixo na qual ele acabou de subir, você cai direto no abismo sem qualquer explicação. Erro feio de programação, viu?
Temos então um estágio bem mais complexo, um labirinto estilão
Zillion para achar a Princesa Leia. Demorado, mas possível, com os saltos imprecisos cobrando o seu preço aqui novamente. Após salvar a mocinha-nada-em-perigo (que também se torna personagem jogável) e sair do labirinto, você vai parar em uma área na qual certamente vai se irritar bastante, graças às esteiras e pulos precisos que precisam alcançar locais nos quais não se enxerga, outro defeito recorrente do jogo. Aqui a coisa é piorada por conta de poços de espinhos que são morte certa, visto que não há como sair deles... No modo Jedi as quedas frequentes que não te matam de cara vão tirar muita energia, então fique de olho. Sobrevivendo à vontade de jogar a TV na parede após a sexta vida perdida e passando de fase, temos um novo chefe – o monstro do compactador de lixo – em uma sala na qual o chorume sobe gradativamente. Apesar de um cenário tenso, basta que Luke acerte-o uma mísera vez com o sabre para que morra.
Chegamos então à fase mais filha da puta de todo o jogo, que lembra bastante a penúltima mas da qual é oficialmente impossível se passar de primeira. Isso se deve a MUITAS (repito, MUITAS) armadilhas de espinhos ao fim dos propulsores de pulos, as quais precisam ser evitar antes que apareçam na tela – se você a vê, é porque vai cair nela e morrer instantaneamente. Tentem imaginar aquela fase maldita das abelhas no meio da vegetação espinhosa de
Donkey Kong Country, só que com os inimigos a serem acertados para passar de cada parte sempre fora da tela, com você tendo que dar saltos de fé para alcançá-los; é pior do que isso. A única explicação plausível é que os produtores do jogo fizeram o mesmo para pessoas com poderes premonitórios (
NOAH TEM UMA TERRÍVEL INTUIÇÃO), pois só alguém capaz de adivinhar o futuro conseguiria ter qualquer tipo de diversão com isso. Boa parte dos seus continues – o jogo fornece oito no total – vão ser gastos aqui, conforme-se com isso. Aliás, o mínimo de decência exigiria que fossem infinitos, dada a natureza desgastante e repetitiva deste estágio...
Após o desgaste absurdo do estágio, caso você não ganhe um belo game over (único momento no qual o Darth Vader aparece, por sinal) nas fuças, era de se esperar que o jogo pegasse leve para compensar. Nada disso, visto que a coisa dá uma piorada... Saindo da Estrela da Morte, uma nova fase no cockpit da Millennium Falcon, mas em vez de desviar de asteroides você precisa atirar em TIE Fighters. Dúzias e mais dúzias deles, mais ainda no modo Jedi. Nem é tão difícil, mas o problema é que boa parte deles atira em você; então, é melhor mirar nos tiros do que neles para evitar que seus recorrentes oito escudos acabem e você perca – adivinhe? – um continue. Após esse longo estágio, temos uma ceninha legal de Luke em uniforme de piloto correndo para sua X-Wing, alçando voo e... CAINDO EM UMA NOVA FASE DE SE MATAR DÚZIAS DE TIE FIGHTERS PERDENDO CONTINUE EM LUGAR DE VIDAS. Exatamente como a outra, mas em um novo veículo. Um tanto desnecessário, ainda mais pelo que se segue...
Nessa altura eu já torcia para esta ser a última fase, mas a cereja do bolo ainda viria: o derradeiro estágio é a cena na superfície da Estrela da Morte, na qual Luke deve acertar o ponto fraco da gigantesca estação de batalha. Aqui a coisa toma forma de um shmup visto de cima para se desviar de paredes em velocidade, uma espécie de
River Raid com anfetaminas. Se os seus olhos já doíam um pouco pelas duas fases anteriores, prepare-se porque eles vão sangrar com o fundo texturizado de azul passando em alta velocidade aqui – nunca senti tanta falta de um monitor de tubo na minha vida. Pelo menos aqui perde-se vidas em vez de continues, a fase é curta e o hitbox da nave (a área que efetivamente “mata” ao seu chocar com algo) é pequeno, mas ainda assim você vai bater em muita parede e terminar de usar seu repertório de palavrões, caso ainda reste algum que passou incólume pela fase dos espinhos-surpresa. Ao final, você precisa acertar o tal ponto fraco e ainda por cima ficar EXATAMENTE no meio da tela para evitar de se chocar com um funil de paredes após o tiro, visto que você perde o controle da nave. Da primeira vez em que terminei, eu acidentalmente passei de boa por esta parte, mas da segunda eu morri umas dez vidas seguidas, quase acabando com o que restava de continue, após explodir o objetivo da fase e bater com a nave depois. Novamente: possível, mas irritante.
Vem o final, a Estrela da Morte explode, aparece a minha porcentagem completada do jogo (90%) e... só? Cadê a cena das medalhas que todo jogo da série tem? Caramba, até a psicodélica versão de Famicom tem isso! Corri para o YouTube, achei um longplay jogado na dificuldade Jedi e lá estava a cena, muito bem digitalizada e tal... Hum, tem que zerar no Hard então, né? No outro dia tirei algumas horas, peguei um café, sentei, joguei tudo de novo, passei pelos horrores já conhecidos mas agora tomando mais dano, placar novamente de 90% e... a mesma praga de final? O que eu fiz de errado? Após procurar um bocado na net, descobri que as tais cenas só aparecem se você fizer 100% do jogo; os tais 10% que faltaram tem a ver com pegar TODOS os itens do jogo (vidas, energia, escudos etc), justamente o que evitei fazer na segunda jogada porque não valia a pena ir atrás de tudo e passar ainda mais raiva com os pulos impossíveis de algumas partes. Não tenho saúde para tentar isso de novo agora, pelo menos não em emuladores. Daqui a um boooom tempo, quando tiver o cartucho e controlinho-maravilha de seis botões na mão, taaaaaaalvez eu tente de novo. Muito talvez. Talvezíssimo. Supertalvezilisticexpialidocious. Provavelmente nunca, entretanto.
Star Wars poderia ter sido um clássico do Master (por mais que o Jair discorde) ou uma agradável companhia de algumas tardes de domingo caso tivesse controles mais precisos e um melhor equilíbrio dos obstáculos irritantes – eu gosto de desafio, mas não um que precise de poderes paranormais ou morrer duzentas vezes seguidas para entender como se passa. Como já mencionei em outros reviews, é o tipo de jogo que só ganharia o coração de alguém caso fosse o único que a pessoa teve acesso durante um determinado tempo, aquela clássica variação videogamística da Síndrome de Estolcolmo que certamente todo mundo já passou na infância. Experimente com precaução e um chazinho de camomila do lado.