O encanto das antigas videolocadoras de jogos e filmes

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Sonymaster
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O encanto das antigas videolocadoras de jogos e filmes

Mensagem por Sonymaster »

Nos anos 80 e 90, muito de nós que gostamos de videogames frequentávamos videolocadoras. Naquele tempo não era muito comum o hábito comprar jogos, pois não eram baratos — mesmo os paralelos, além da árdua tarefa de convencer seus pais a gastar dinheiro com eles (pelo menos no meu caso era impossível). Até a primeira metade dos anos 80, tínhamos apenas a Atari com representação nacional, através da Polyvox (Gradiente) e empresas que fabricavam clones do Atari 2600, como a CCE, Dynacom e outras. A Tec-Toy só veio representar a Sega no final dos anos 80, investiu pesado em marketing e foi muito bem sucedida na empreitada... mas isso é assunto para outra matéria.

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Essa foi uma época conturbada economicamente, com a inflação a níveis altíssimos e com variações diárias. Como disse no início do texto, não era nada fácil convencer seus pais a gastaram dinheiro com jogos eletrônicos. Para uma ideia de comparação (são apenas estimativas), um Atari 2600 em 1983 custava 119 mil cruzeiros, o que daria aproximadamente R$2.700,00 nos dias de hoje; já o Master System em 1989 custava 3.500 cruzados novos, o que daria uma média de R$2.300,00 nos dias de hoje. Um jogo de Mega Drive, em seu ano de lançamento, era vendido por Cr$12.000,00 em média (em torno de R$315,00). Com a inflação variante, o valor poderia aumentar, ou até dobrar, de um dia para o outro.

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Assim, a única alternativa para quem já possuía um console eram as videolocadoras. Daí você me pergunta: Mas se era tão caro assim, como haviam locadoras? Bem, eram pouquíssimas as locadoras que possuíam apenas jogos originais, além do fato de que muitas delas alugavam além de jogos, filmes. Existiam sim locadoras especializadas em jogos, como a ProGames, com jogos originais e grande variedade, mas locadoras como ela cobravam seu preço por isso.

E como a maioria de nós dependia delas (tanto para jogos e filmes), o serviço de locação era muito utilizado, o que na teoria, garantiria o retorno do investimento.

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Depois dessa "breve" explicação, vamos ao assunto que interessa: as videolocadoras em si. Bem, eu tenho ótimas lembranças, não só delas, mas da época em si. Existiam as que tinham toda aquela ambientação de estabelecimento comercial mesmo (geralmente as que locavam filmes e jogos), com carteirinhas de sócio, atendentes, telefone para contato, horário de funcionamento e um bom ponto comercial. E havia aquelas que não passavam de garagens adaptadas como locadoras (geralmente só de jogos), onde o dono marcava seu cadastro num caderno, funcionava em dias e horários que ele definia e não tinha nada da relação cliente x empresa. Você fazia seu cadastro, informando dados dos pais (como RG, CPF e endereço) para um completo estranho e nem se preocupava com isso. Difícil imaginar esse comportamento nos dias de hoje, não é?

Muitas vezes você alugava jogos sem ter nenhuma informação sobre ele. Era comum as caixinhas dos jogos nos expositores terem apenas a parte frontal da embalagem original, ou às vezes apenas o nome do jogo impresso num pedaço de papel. Mesmo para quem comprava as revistas da época, muita coisa passava batido; muitas conseguiam apenas uma foto (muitas vezes borradas) ou uma pequena nota sobre um jogo que seria lançado.

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Lembro de ter descoberto vários jogos bons assim, o que era uma surpresa bem agradável. Claro, houve vezes em que o jogo era horrível, mas tinha a velha tática de dizer que o jogo não funcionou no seu console e você trocava por outro (quem já não fez isso?). Hoje você mantém contato até com o desenvolvedor do jogo, tem previews quase 1 ano antes do lançamento, notícias... Acabou um pouco com aquela surpresa ou empolgação em ter um jogo novo, pois você já sabe quase tudo dele.

Inevitavelmente você acabava fazendo amizades, principalmente nas locadoras de bairro. Você conhecia a garotada da sua região, trocava jogos... havia essa questão, digamos, social. Recebia dicas e sugestões de jogos de pessoas que você nunca viu, que conhecia ali na hora, mas só de frequentar o mesmo lugar que você já era suficiente para fazer amizade.

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Era comum, pelo menos para mim, ir até a locadora com um amigo numa sexta-feira depois da escola e alugar 3 ou 4 jogos para entregá-los só na segunda. Trocávamos os jogos no sábado ou domingo e aproveitávamos todos. Se você queria jogo bom, tinha que ir na locadora até sexta, e não muito tarde, do contrário a molecada já teria alugado tudo.

A partir de 1994, o uso da mídia em CD nos consoles seguintes virou algo comum (3DO, PS1, Saturn), e a pirataria tornou-se mais eficiente e menos dispendiosa. Alugar jogos a R$4,00 ou R$5,00 já não era vantajoso para quem tinha o console desbloqueado, situação mais que comum aqui no Brasil. As pequenas locadoras de games começaram a sumir, restando apenas as que além de jogos, alugavam filmes. Porém, com a popularização do DVD anos depois, o final acabou sendo o mesmo: muitas delas acabaram vendendo seus catálogos, fazendo a alegria de muito colecionador por aí. Serviços como Netflix puseram fim em definitivo na esperança de quem um dia esperava pela volta das locadoras.

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Quando o jogo era bom você tentava aproveitá-lo ao máximo, se possível até terminá-lo. Tinha aquela questão de não gastar dinheiro alugando o mesmo jogo outra vez, a não ser aqueles que você realmente gostava muito. Lembro que eu alugava alguns jogos frequentemente, como Dream Master, Super Mario Bros. 2, Batman e Ninja Gaiden no NES. Fora isso, você sempre ia até a locadora esperando encontrar algo novo, como conversões de arcades famosos (SNK e Capcom), ou aquele lançamento que você viu numa revista.

Existiam também as discussões de qual versão era melhor (no caso de SNES e MD), mas sem toda essa frescura de hoje, onde as pessoas até ofendem uma a outra em razão de um videogame — que na verdade não passa de um brinquedo. Um absurdo! Normalmente você só teria um console da geração vigente e naturalmente tentaria argumentar que o seu era melhor. Mas no final das contas, todo mundo acabava jogando o que tinha, emprestavam os consoles de vez em quando e nos divertíamos da mesma forma.

A notícia de uma nova locadora já era o suficiente para te fazer andar quilômetros, se necessário, só na expectativa desta ser maior e melhor que as demais. Nelas também era possível ver e até jogar aquele console que você não tinha ou que era um sonho distante, como o Mega-CD e Neo-Geo no meu caso. Foi numa locadora, por exemplo, que vi um 3DO rodando Need for Speed pela primeira vez. Algo irreal para a época. Você poderia jogar algumas horas com um amigo, ou até com um desconhecido que estivesse ali no momento. Parecido com hoje e os modos online, porém de uma forma mais "amigável".

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A partir de 1994, o uso da mídia em CD nos consoles seguintes virou algo comum (3DO, PS1, Saturn), e a pirataria tornou-se mais eficiente e menos dispendiosa. Alugar jogos a R$4,00 ou R$5,00 já não era vantajoso para quem tinha o console desbloqueado, situação mais que comum aqui no Brasil. As pequenas locadoras de games começaram a sumir, restando apenas as que além de jogos, alugavam filmes. Porém, com a popularização do DVD anos depois, o final acabou sendo o mesmo: muitas delas acabaram vendendo seus catálogos, fazendo a alegria de muito colecionador por aí. Serviços como Netflix puseram fim em definitivo na esperança de quem um dia esperava pela volta das locadoras.

Fonte: Memoria Bit
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B - Mark
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Re: O encanto das antigas videolocadoras de jogos e filmes

Mensagem por B - Mark »

Eu gostava muito das locadoras nos anos 90, mas antes disso algumas locadoras de filmes também alugavam cartuchos de Atari porém o acervo era pequeno.

Para mim foi nos anos 90 que as locadoras se firmaram em minha vida porque foi lá que joguei Neo Geo,Mega e SNES pela primeira vez e joguei vários clássicos como Sonic 1,Streets of Rage entre outros clássicos e o ambiente era legal com a decoração e os consoles.
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