Falando do jogo propriamente dito, quando ele começa o impacto é grande, já que não dá pra negar o jogo é lindo. Ver aquele mundo enorme e extremamente detalhado é de encher os olhos. Passado aquele impacto inicial, tive uma baixa na empolgação quando via que a história não era tão legal quanto no primeiro. Além do Arthur não ser tão interessante quanto o John Marston, o enredo do primeiro jogo era mais objetivo, evoluía mais rapidamente então você sentia melhor a progressão. Nesse segundo você demora a sentir que o enredo está avançando, por um bom tempo parece que está fazendo a mesma coisa (o que é agravado pelo meu ritmo de jogo bem mais lento do que na época do RDR1) então confesso que alguma semanas depois eu dei uma desanimada. Nessas horas, como eu não queria desgostar do jogo eu acabava fazendo uma pausa e ficava uns dias jogando outra coisa, aí quando voltava a animação já havia voltado. Ainda bem que fiz isso, em vez de ficar empurrando com a barriga só pra terminar logo pois a partir da segunda metade do jogo ele melhora consideravelmente neste quesito e aí sim eu ficava mais empolgado em saber o que vinha adiante.
Mesmo assim é uma pena que tenham explorado tão pouco o personagem principal. Ele chega, fica durante o jogo, morre no fim e você não consegue criar uma empatia como acontecia com o John no primeiro. O personagem é até legal e tal mas eu queria que o jogo tivesse um pouco menos de foco na gangue e mais nele, que afinal é o seu avatar no jogo. Depois de jogar os epílogos aí é que fica mesmo uma sensação ainda maior do que o astro do jogo é novamente o John Marston e que o Arthur não tinha tanta importância. Nas partes finais quando ele fica doente e sabe que irá morrer, e aí começa a repensar as próprias atitudes e do Dutch você até começa a criar uma conexão maior, as missões ficam mais interessantes até o ponto culminante que é aquela "última" missão foda, depois de salvar a Abigail, voltando sozinho no seu cavalo para o acampamento para confrontar a gangue ao som de uma música cantada e com as lembranças das pessoas que encontrou durante o jogo aparecendo na tela. Momento muito maneiro, coroado com a fuga junto com o John Marston, o embate com o Micah e o abandono de Dutch, até que finalmente o protagonista perece com o pôr do sol ao fundo.
Ali o jogo tinha que ter acabado de verdade, subido os créditos, para "honrar" o ciclo do personagem. Mas não, em vez disso 10 minutos depois você já está jogando o epílogo com o John Marston fazendo uma missão onde tem que mexer os analógicos no ritmo certo para puxar as tetas de uma vaca e encher um balde de leite. Puta cerda, foi a coisa mais broxante que eu já vi em toda a minha vida gamística. Um anti-clímax absurdo. Ali a minha empolgação com o jogo foi pro fundo do poço e confesso que não estava com muita vontade de continuar. Felizmente essas missões de fazendeiro não são tantas assim e logo começa a parte 2 do epílogo, que é um afago nos fãs do primeiro jogo pois você novamente está em Blackwater, com o John mais velho, controlando o personagem com o mesmo visual e mesmos cenários do RDR1. É muito legal pois dá uma sensação de estar jogando um DLC do primeiro jogo com gráficos do segundo, ver as mesmas cidades, as mesmas construções, é bem nostálgico. Só que aí pensando friamente vem aquele problema que citei antes, eles acabam matando ainda mais a lembrança do Arthur e ele fica cada vez mais relegado ao segundo plano, você termina o jogo de fato (após o epílogo) nem lembrando mais quem era o Arthur, o holofote fica totalmente no John. Por isso, por mais que eu tenha gostado de ter esse "revival" do RDR1, eu acredito que esses dois epílogos foram um tanto desnecessários, quando o Arthur morre já estava subentendido que o John, Abigail e Jack havia fugido para longe até se instalar e começar uma nova vida, não tinha necessidade de mostrar LITERALMENTE o que acontece entre o fim do RDR2 e o começo do RDR1 como foi feito. OK, podia ser um DLC, ou então uma opção extra no menu que abria depois de terminar a história do RDR2, mas sei lá, fica o sentimento de terem passado do ponto. O fato é que depois de ver como John decidiu comprar o seu rancho, como ele construiu e sua casa e como o Uncle foi morar com ele, você finalmente confronta Micah e Dutch para ver o verdadeiro final do jogo, onde ele e Abigail finalmente se casam e teoricamente passam a ter uma vida pacífica (o que sabemos que não ocorrerá).
Como o RDR2 contou a história do protagonista do RDR1, não custa sonhar que o RDR3 vai contar a história do protagonista do RDR2 rs...
Acho que a única crítica é mesmo esse enredo de altos e baixos, que não prende a atenção o tempo todo como ocorria no primeiro. Fora isso é uma obra prima, muitas vezes durante uma missão eu parava o cavalo só em alguns lugares do mapa só pra ficar admirando a quantidade de detalhes e ficar imaginando o trabalho desgraçado que deve ter dado fazer um mundo desse tamanho tão detalhado. Não é à toa que a Rockstar lança apenas um ou dois jogos por geração, quando eles fazem eles capricham. E por falar em mapa detalhado, fiquei de queixo caído com o fato de eles terem refeito toda a parte dos EUA do mapa do RDR1. Para a história do epílogo bastaria terem refeito Blackwater e os arredores do rancho do John, mas se você pegar o cavalo e for desbravando o mapa vê que está tudo do primeiro jogo lá, todas as cidades, vales, montanhas, negócio impressionante. Quando saíram esses rumores que estaria fazendo um remake do RDR1 eu passei a achar bastante plausível, afinal de contas metade do jogo já tá pronto. E por falar em comparar com o primeiro, uma coisa que está muito melhor nessa sequencia é a trilha sonora, os caras acertaram em cheio colocando algumas músicas em momentos chave como a última missão do jogo, depois que o John deixa a Sadie e vai sozinho caçar o Micah (a partir de 15:00 no vídeo abaixo):
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https://youtu.be/NlTeJug0IUk[/BBvideo]