Surpreendentemente, o game não era um “clone de Sonic“, com um Tailssolitário correndo pelas fases. Ao invés disso, a primeira aventura de Tails se apresentou como um Metroidvania, muito interessante por sinal.
Após a consagração definitiva em 1994, com Sonic the Hedgehog 3, e, mais tarde, com Sonic & Knuckles, no ano seguinte, os fãs do azulão não contaram com nenhum game novo da série principal. Entretanto, a SEGA seguia “experimental”. Tentando novidades com sua franquia, nesta época o problemático e cancelado Sonic X-Treme já estava dando trabalho, em seu desenvolvimento para o Saturn.
Já o Game Gear, recebeu neste ano seis games diferentes da série. Todos buscando levar algo de novo para a franquia. E também buscando alavancar as vendas do portátil, que vivia tempos difíceis com o Game Boy a cada dia caminhando para ser um dos consoles mais vendidos de todos os tempos.
Sonic Spinball era a versão portátil do game de 1993; Sonic Drift 2 era a continuação do jogo de kart com o azulão e seus amigos. Este formato ainda rendeu Sonic R, em 1997, e anos mais tarde, a série Sonic & SEGA All Stars Racing; Sonic 2 in 1, compilado com Sonic 2 e Sonic Spinball, lançado só na Europa; Sonic Labyrinth, jogo com ação e puzzles, em visão isométrica, funcionando como um embrião do que seria o Sonic 3D Blast; além de dois games com o Tails.
Além disso, a empresa tentava emplacar jogos com os outros personagens. Knuckles’ Chaotix estreava no 32X, buscando transformar o sucesso recente do personagem em vendas para seu periférico. E, como já mencionei, os dois games com o Tails também tentavam adicionar algo novo no já variado cardápio de Sonic. Tails’ Skypatrol, que já era bem diferente dos jogos Sonic, e o Tails Adventure, o qual é o tema desta RetroArkade.
O game foi desenvolvido pela Aspect. Este estúdio já contava com a confiança da SEGA, pois havia trabalhado, anteriormente, com jogos Sonic, como o Sonic the Hedgehog 2 para o Game Gear. Além disso, o estúdio já havia adaptado outros jogos para o portátil, como Batman Returns, e também já havia trabalhado com o Mega Drive, adaptando para o console os aspectos sonoros de Fatal Fury. A Aspect faria, anos mais tarde, o port dos dois games Metal Gear de MSX para Metal Gear Solid 3: Subsistence.
Assim, o estúdio ganhou uma espécie de “carta branca” da SEGA, para desenvolver o que achasse melhor para o Tails. O personagem não era rápido como o Sonic, por isso, a ideia foi a de levá-lo para um outro local, longe das disputas por esmeraldas com Eggman, e oferecer aos jogadores uma aventura mais focada nas habilidades do simpático personagem.
As histórias eram bem diferentes, em suas versões japonesas e ocidentais. Para os ocidentais, Sonic e Tails tiraram férias, após suas correrias. Tails, assim, decidiu ir para a Tails Island, lugar tranquilo e que serviria para seu descanso. Mas, chegando lá, descobre que a ilha foi tomada por um esquadrão de pássaros que construíram um grande forte. Logo, o personagem acaba tendo que adiar suas férias, para expulsar os inimigos de lá.
Já os japoneses ficaram com o seguinte plano de fundo: No Sul do Pacífico, existe uma ilha bem pequena que nem aparece nos mapas: a Cocoa Island. Nela estão as Esmeraldas do Caos. Sabendo disso, um esquadrão de pássaros do mal, resolveu tomar a ilha, e construir uma fortaleza. As histórias, que são bem parecidas, servem apenas de desculpa para o gameplay, não influenciando em nada o jogo, independente da versão jogada.
Como Tails é um personagem que não conta com a velocidade de Sonic, a Aspect resolveu focar mais em um outro elemento do game, que é a exploração. Mas, ao contrário de utilizar o sistema dos jogos Sonic, com uma fase linear com segredos espalhados, o esquema utilizado é o do bom e velho Metroidvania.
Há um mapa, para início de conversa, que determina os locais a se explorar no jogo. Você começa apenas com uma bomba, que é atirada nos inimigos (exato: Tails não pula neles aqui). Mas vai encontrando mais e mais itens. Como um mini-robô, que é controlado por controle remoto, e busca itens em locais inacessíveis. Todos eles terão alguma utilidade futura, servindo para desbloquear locais antes impossíveis, e para avançar no jogo.
É preciso, em Tails Adventure, explorar cada canto das fases. Para avançar, é preciso conhecer a fase, completá-la e ir desbloqueando fases novas no mapa. Tudo isso em um mundo, para os padrões dos 8-bits, imenso. É possível também retornar para as fases já concluídas, para buscar um item que não estava acessível anteriormente.
Também há um local de organização para a sua aventura: a casa de Tails. Lá dá pra ver e equipar os itens que irá usar em suas missões. Já que o game só permite que você ande com quatro itens. Também permite viagens de bote, disponibilizadas com o passar do jogo. E, por fim, é lá que você vai encontrar as passwords, que são os sistema de progresso por aqui.
Os anéis também marcam presença aqui, mas de maneira diferente. É possível coletá-los nas fases, e até em inimigos derrotados. Mas, ao ser atingido, você perde uma parte deles, sem a possibilidade de recuperar, como nos games Sonic. Com zero argola e sendo atingido, você morre. E as Esmeraldas do Caos estão lá e podem ser coletadas. Porém, apenas como perfumarias, sem nenhum reflexo no gameplay.
Por razões não muito conhecidas, com exceção de Sonic Spinball, nenhum game de 1995 de Sonic foi portado para o Master System, como a Tectoycostumava fazer por aqui. Talvez seja por alguma questão técnica, já que estes games estavam em estágio avançado no Game Gear. E Tails Adventure, assim, não foi lançado oficialmente por aqui.
Mesmo assim, há possibilidades de curtir o game, sem precisar comprar um Game Gear, e a fita do game. Ou usar um emulador. Sonic Adventure DX, uma versão melhorada do game que saiu para Gamecube e PC em 2003, conta com o game em um de seus extras. Sonic Gems Collection, para Gamecube e Playstation 2, de 2005, também traz este e diversos outros games de Sonic.
E, desde 2013, todo o mundo pode jogar Tails Adventure no 3DS, através do Virtual Console. Pelo preço de R$8,99, dá pra curtir o game com uma adição importante do sistema da Ni***ndo. O Save State, que permite salvar seu progresso sem apelar para o caderninho de passwords.
Hoje é possível controlar Tails em vários games. Sonic Adventure, por exemplo, tem um padrão semelhante de exploração em 3D. E o personagem também está disponível em versões mais atualizadas de Sonic the Hedgehog, além de Sonic Mania.
Fonte: Arkade