O jogo foi totalmente desenvolvido pelo game designer francês Éric Chahi para a produtora Delphine Software, que criou um universo fantástico através de gráficos vetoriais e rotoscopia, ao invés dos tradicionais sprites, e uma narrativa em estilo cinematográfico – inspirada em outros clássicos como “Karateka” e “Prince of Persia”.
Na bela abertura do game somos apresentados ao protagonista, o cientista Lester Knight Chaykin, que chega em seu laboratório subterrâneo em uma Ferrari. Ele está trabalhando em um experimento usando um acelerador de partículas. Ao iniciar os testes, uma estranha tempestade começa e então um raio atinge o laboratório, interferindo o ensaio e teleportando Lester para um mundo desconhecido.
E assim começa o game, cheio de mistério sem o jogador saber exatamente o que está acontecendo. Neste mundo estranho, habitado por criaturas bizarras selvagens e aliens humanoides, Lester é capturado e preso para trabalhar como escravo.
Com a ajuda de outro alien prisioneiro eles escapam da prisão e assim tem início uma aventura épica que fez milhares de jogadores ficarem grudados na tela da TV, na esperança de ajudar Lester a voltar para o seu mundo.
Lançado originalmente para o computador Amiga, o título fez um grande sucesso na época por apresentar uma proposta diferente, situando-se em “um outro mundo” (com o perdão do trocadilho) e aproximando-se mais de uma obra artística do que comercial.
A mecânica do jogo é uma mistura de ação estilo plataforma e resolução de quebra-cabeças, que se mostrou muito eficiente e também desafiadora, já que não dá nenhuma pista do que se deve fazer, cabendo ao jogador descobrir enquanto joga.
Já na primeira tela, ao iniciar a aventura, jogadores iniciantes morrerão dentro da água com certeza. Muitos cenários possuem dicas instintivas do que se deve fazer. Por exemplo, se você de repente acordasse dentro de uma piscina, o que você faria? Nadaria para fora dela. Ao encontrar uma fera selvagem faminta, você sairia correndo em pânico absoluto. Ao ficar preso em uma jaula pendurada no teto, você vai tentar balançá-la para tentar fugir.
Esses são apenas alguns dos exemplos instintivos, geniais, que são encontrados durante o jogo, e que por vezes pode demorar longas horas para descobrir o que deve ser feito, não sendo tão simples quanto parece.
Portanto, a maior dica para esse game é: siga os seus instintos, pois o jogo em si não vai ensinar nada, e esse é o grande desafio, e diversão, descobrir o que deve ser feito, geralmente por tentativo e erro, até dar certo.
Os visuais vetoriais/poligonais ajudam a criar um design artístico único, com uma atmosfera hostil, e ao mesmo tempo muito bela. Os cenários são simples e limpos, com uso de poucas cores para criar fortes contrastes, aliadas a uma competente utilização de luzes e sombras, que dão o toque especial.
As animações são fantásticas, durante a aventura há várias cutscenes que ajudam na dramatização do jogo, oferecendo ângulos de câmeras cinematográficos impecáveis, sem textos ou diálogos (ao menos em um idioma compreensível).
Algo que merece destaque é o relacionamento entre o protagonista e seu amigo alien, baseado na confiança e amizade que vai se tornando cada vez mais evidente ao avançar no jogo e que conseguem emocionar o jogador.
Uma sequência chamada “Heart of the Alien“, foi lançada exclusivamente no Sega CD em 1994 – que também trazia o jogo original com uma trilha sonora totalmente reformulada digitalmente (e muito boa por sinal!). Éric Chahi não queria fazer uma continuação, mas acabou elaborando conceitos e ideias para o projeto.
A intenção de Chahi era explorar mais a história de “Out of This World”, colocando desta vez o alien como protagonista, e mostrar o que acontecia quando ele não estava na companhia de Lester. Como se fosse um espelho de uma mesma história, mas de outra perspectiva. Porém ele acabou saindo do projeto e a Interplay, que tinha os direitos do jogo, alterou os conceitos de Chahi e lançou uma sequência cronológica.
pós o lançamento do game, Chahi inclusive fez uma declaração dizendo que “Heart of the Alien” não representava uma visão do universo que ele tinha criado. Apesar disso, o jogo segue fielmente o estilo do original e é bem interessante explorar mais um pouco do desse mundo intrigante apresentado no primeiro jogo – sua excelente trilha sonora é assinada por Tommy Tallarico, um dos idealizadores do concerto Video Games Live.
Por fim, em 2006 Chahi lançou uma edição especial dos 15 anos do jogo para Windows XP, com gráficos mais detalhados, uma maior resolução, mais checkpoints. Em 2011 o jogo foi relançado novamente em uma edição de aniversário de 20 anos para diversos sistemas, incluindo uma para Switch prevista para o segundo semestre de 2018.
“Out of This World” sem dúvida é uma obra de arte dos videogames que provoca a nossa imaginação e trabalha com nossas emoções e sentimentos. Com uma direção artística genial, animações graciosas, personagens carismáticos e um alto grau de desafio inteligente, este é um título que merece ser apreciado em seu Mega Drive!
Fonte: Blog Tectoy